segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Um Olhar Profundo

Abri os olhos e percebi que estava morto,
absolutamente rígido
na ruína vulcânica de
ter um olhar partido
e profundo

e profundo e vão em eterna conexão
com o que certamente serão
livres estradas
ou remotas memórias do que foi
o meu ser em balsamo abstracto
e podre

e podre embarco nesta neurose de
falsos pensamentos
acompanhados de obscenos
argumentos

argumentos que me levam a questionar o teu
ser
e provavelmente o que é
ser?
e eu questiono sem medo,ou
a medo

a medo parto numa jornada que certamente
não terá fim a não ser
o fim da minha mente
enfim, ou
em fim

em fim devolvo os traços engolidos por mastodontes
e masturbações precoces
tu revelas-te assim, enfim
ou em fim
dentro de mim,
como uma mão partida
dentro de um olhar partido,
ou como uma máscara a menos

ou como uma máscara a menos fizesse a diferença
dentro de um enorme tornado de flores
e pedras e sepulturas,
mascará a tua face
tal como seguramente
a sepultura mascara a tua face

a sepultura mascara a tua face
tal como a minha,
tal como eu desejo enfim, ou
em fim
mascar a tua
mascar a minha
máscara também mascara

máscara também mascara o que enfim, e
certamente
sem fim
eu me hei-de tornar

eu me hei-de tornar o que
a sepultura me deseja
e a máscara me exige
um olhar profundo

um olhar profundo e partido
e tapado e obscurecido
absolutamente vazio

Fechei os olhos e percebi que estava vivo.

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